Estamos ingerindo ácido fólico de maneira errada
Muito ouvimos falar sobre ácido fólico, principalmente quando o assunto é a dieta das gestantes ou a composição de alimentos industrializados que contêm farinha fortificada. Porém, há um grande desentendimento de como o ácido fólico realmente funciona. Entender sua reação no organismo é essencial para ingeri-lo corretamente, ou mesmo evitar sua ingestão.
Aparente solução
O ácido fólico é a forma sintética da vitamina B9, responsável por auxiliar na produção das células vermelhas do sangue e impedir certos tipos de anemia. Ele é considerado mais rentável e é utilizado nos suplementos vitamínicos. Em razão do baixo consumo de ácido fólico no mundo, alguns países fortificam alimentos no processo industrial, como farinha, arroz e macarrão, para prevenir doenças causadas pela ausência da vitamina B9. No Brasil, por exemplo, a Anvisa regulamentou a obrigação de 150 mcg de ácido fólico para cada 100 g de farinha usados em pães, bolachas, entre outros.
O problema foi aparentemente resolvido. Só aparentemente. Estudos recentes mostraram que o processo de metabolização do ácido fólico para a vitamina B9 é tão lento, que muitas vezes só termina quando a próxima dose é ingerida. Diferentemente dos outros compostos que se tornam B9 no sistema digestivo, o ácido fólico é convertido no fígado, tornando o procedimento ainda menos eficaz – e piora mais se for ingerido como alimento fortificado. Além disso, o excesso de ácido fólico não metabolizado também tem efeitos negativos na saúde, podendo aumentar do risco de câncer.
Soluções eficazes
Mas, então, como consumir a vitamina B9? A forma natural da vitamina é facilmente encontrada em alimentos que contêm folato. Numa pesquisa conduzida por holandeses do Wageningen Centre for Food Sciences foi comprovado que o folato consumido naturalmente é 80% mais eficaz que o ácido fólico. Isso acontece porque o processo de metabolização do folato para a vitamina B9 é mais rápido e, consequentemente, mais benéfico – sem contar dos outros nutrientes que são juntamente absorvidos.
O folato é essencial principalmente na dieta de gestantes, pois previne diversos efeitos adversos na saúde materno-infantil, como anemia materna, pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascer, parto prematuro e alterações cromossômicas. Entretanto, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada em 2009 mostraram que 38,1% das mulheres brasileiras consumiam menos de 320 mcg de ácido fólico por dia; quantidade baixíssima de B9.
A recomendação de consumo diário da vitamina B9 varia de acordo com a idade e a condição da pessoa. De acordo com o Institute of Medicine of the National Academies, crianças até oito anos precisam de, em média, 200 mcg, e adultos necessitam de 400 mgc por dia. Já as gestantes precisam de 600 mcg e lactantes, 500 mcg.
Alimentos ricos em folato
Entre os alimentos que mais contêm folato estão as lentilhas (uma xícara de 198 g de lentilhas cozidas contém 358 mcg), beterraba (um copo com 136 g de beterraba crua contém 148 mc) e abacate (metade de um abacate cru contém 82 mcg de folato).
Se você optar por tomar suplementos de B9, prefira os compostos de 5-MTHF. Eles são mais rapidamente convertidos na vitamina e trazem mais benefícios. Consulte um médico para saber a dose ideal de que você precisa.
O ácido fólico não é o único composto que consumimos de forma errada. Por isso é de suma importância conhecer o próprio corpo e o que entra nele para não se surpreender com resultados negativos. Pelo menos do ácido fólico já não temos mais dúvidas.
Texto: Julie Grüdtner
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